quinta-feira, abril 22

O FIM DA INFÂNCIA

O Marillion me traz uma boa lembrança da minha pré-adolescência. Quando eu estava na oitava série, eu tinha uma colega, digamos, "moderninha" para nossa idade, se é que vocês me entendem. Na época eu já estava desenvolvendo o meu talento de ser amiguinho das meninas, mas pela idade os hormônios ainda falavam mais alto. Por isso, quando ela me convidou para dormir na casa dela para ver um filme no video e estudar, eu logo pensei que iria enfim inaugurar minha vida sexual. O problema é que, desde sempre, quando eu me apaixono por alguém, não consigo ver outra garota na frente. Minha amiga era linda, e como eu disse antes, era bem provável que acontecesse alguma coisa mesmo. Mas quando eu vi a sua irmã de 16 anos, me apaixonei na hora. Ela tinha um nome exótico, Madelon, e era simplesmente maravilhosa. Já era uma mulher, com peitos e coxas e uns olhinhos puxados pra lá de charmosos, e tinha um papo interessantíssimo sobre música e cinema. Na época já dava para se dizer que eu já era um aficcionado pelas duas coisas e conseguia conversar com ela de igual para igual. E quanto mais ela falava, mais eu me apaixonava. Já achava que os astros conspirariam ao meu favor e fariam ela passar por cima da diferença de idade - o que era um grande problema, já que ela era uma aluna do segundo ano e eu ainda estava no primeiro grau - e se apaixonar por mim também. Mas na verdade ela me achava um pirralho. Um pirralho interessante, mas ainda um pirralho. Nessas conversas ela me mostrou o vinil do Marillion, Misplaced Childhood, que era a sua banda preferida na época. Ela sabia todas as letras e traduzia para mim, e eu me apaixonava ainda mais. Conversamos quase a noite inteira ao som do Marillion. Eu fui dormir com a certeza que tinha encontrado meu grande amor e que era só questão de tempo para a diferença de idade deixar de ser um problema.

O que aconteceu depois? Ela foi fazer o último ano em Santa Maria, sua família foi embora de Ijuí e eu nunca mais tive notícias dela. Ainda tento achá-la pela internet, mas ela já deve estar casada e com outro sobrenome. Eu cheguei na aula de manhã acompanhado da minha amiga e fui recebido como um herói pelos meus colegas, que perguntavam o clássico "e aí, comeu"? Eu respondia um "não" acompanhado por uma risadinha maliciosa que deixava uma certa dúvida no ar - coisas de garoto. Meu amor por Madelon durou umas duas semanas, não mais. Mas até hoje eu me lembro dela quando escuto Kayleigh...

Do you remember chalk hearts melting on a playground wall
Do you remember dawn escapes from moon washed college halls
Do you remember the cherry blossom in the market square
Do you remember I thought it was confetti in our hair
By the way didn't I break your heart?
Please excuse me, I never meant to break your heart
So sorry, I never meant to break your heart
But you broke mine

Kayleigh is it too late to say I'm sorry?
And Kayleigh could we get it together again?
I just can't go on pretending that it came to a natural end

Kayleigh, oh I never thought I'd miss you
And Kayleigh I thought that we'd always be friends
We said our love would last forever
So how did it come to this bitter end?

Do you remember barefoot on the lawn with shooting stars
Do you remember loving on the floor in Belsize Park
Do you remember dancing in stilettoes in the snow
Do you remember you never understood I had to go
By the way, didn't I break your heart?
Please excuse me, I never meant to break your heart
So sorry, I never meant to break your heart
But you broke mine

Kayleigh I just wanna say I'm sorry
But Kayleigh I'm too scared to pick up the phone
To hear you've found another lover to patch up our broken home

Kayleigh I'm still trying to write that love song
Kayleigh it's more important to me now you're gone
Maybe it will prove that we were right
Or ever prove that I was wrong

Nenhum comentário: