sexta-feira, março 30

RAPIDINHAS

- O rabino Henty Sobel foi preso dia 23 por ter roubado quatro gravatas de uma loja de Palm Beach. O rabino era a maior autoridade religiosa judaica do Brasil, e tentou dar um godô dizendo que não tinha culpa no cartório. Estamos bem de líderes religiosos: os padres que comem criancinhas (not in a comunist way), os evangélicos que lavam dinheiro adoidado, os muçulmanos homem-bomba e agora os rabinos cleptomaníacos. Chega até a dar medo de dizer "bota na mão de Deus"...

- Agora virou gandaia. Qualquer um que já ganhou um jogo no exterior vira campeão do mundo. E a FIFA, mostrando que está longe de ser uma entidade séria, ainda referenda essas barbaridades. Que graça tem ainda ficar brigando pela validade dos títulos? Isso tudo é uma grande palhaçada! A não ser que o Grêmio ganhe o Mundial desse ano. Vai "unificar os títulos", hehehe...

- "Eu tenho um amigo que não lava o pau, dali sai polenguinho roquefor e emental, queijo minas na safada e ricota nas cachorra, ensebando a mulherada e enxaguando com a porra". Realmente, o Bonde do Rolê merece todo o hype. É genial! E ainda ficam babando nas letras do Chico Buarque (brincadeira, Rochane :))

- E a Daniela Cicarelli quer virar jurisconsulta. Justo ela, que é citada como exemplo de invasão de privacidade EM TODAS AS FACULDADES DE DIREITO DO BRASIL

- Guilherme Zaiden. Anotem esse nome.

segunda-feira, março 26

BOBBY

Já faz tempo que concordo com tudo o que dizem sobre os irmãos John e Robert Kennedy. Cada um ao seu tempo simbolizou a esperança de um mundo melhor. Cada um deles, se não fossem violentamente assassinados, poderiam ter transformado o mundo que conhecemos hoje. Talvez a insana Guerra do Vietnã tivesse acabado mais cedo, antes de causar tantas mortes; talvez não vivessemos durante décadas uma aterrorizante guerra fria, mãe da corrida nuclear e do terrorismo atual; talvez, inclusive, não estaríamos sofrendo com o prejuízo ambiental do aquecimento global. Pela importância histórica desses dois políticos, o cinema não pôde se abster de mostrar suas histórias. O assassinato de JFK já foi tema de vários filmes e de, no mínimo, uma obra-prima: JFK, de Oliver Stone. Porém, até Bobby (Emilio Estevez, EUA, 2006), o irmão de John não tinha tido a homenagem que merecia.

E que homenagem! Emilio Estevez, pra quem não lembra, fazia parte da turma de atores revelados no início da década de 80 que tinha, entre outros, Tom Cruise, Patrick Swayze e seu irmão, Charlie Sheen. Filho do ator Martin Sheen - conhecido pelo seu papel em Apocalypse Now e pelo intenso engajamento político - Emilio estava sumido das telas nos últimos 10 anos. Seu retorno foi em grande estilo. Emilio entra para o time de atores/diretores que revisitam o passado para explicar o presente, tal como George Clooney em Boa Noite e Boa Sorte e Clint Eastwood em A Conquista da Honra. Bobby conta os últimos minutos de vida do senador americano asssassinado pouco antes de ser eleito presidente dos EUA sem se fixar na sua pessoa, mas sim, nos efeitos que a sua provável eleição causaria no cenário social conturbado dos EUA de 1968. Com um estilo narrativo inspirado em Nashville e Magnolia, já célebre no cinema atual (e que, por isso, já não serve mais como argumento para denegrir um filme), várias histórias mostram personagens enfrentando conflitos internos e problemas sociais, todos eles interligados pela esperança de mudança representada pela eleição de Bobby Kennedy. Deixando de lado alguns clichês, Estevez consegue criar uma atmosfera de otimismo em meio a conturbada situação social da época, mostrando todos os aspectos que caracterizavam aquele tempo: a luta pelos direitos civis dos negros, a oposição à Guerra do Vietnã, a situação de "novos negros" dos latinos, a alienação junkie dos hippies, a revolução comportamental que trouxe a tona a hipocrisia das relações conjugais. Robert Kennedy representava esse otimismo, e essa esperança acabou na bala do revólver do palestino Sirhan Bishara Sirhan.

Com um elenco mais do que estelar, que conta com Anthony Hopkins, Demi Moore, Sharon Stone, Lindsay Lohan, Elijah Wood, William H. Macy, Helen Hunt, Christian Slater, Heather Graham, Laurence Fishburne, Freddy Rodriguez, Nick Cannon, Emilio Estevez, Martin Sheen, Shia LaBeouf, Joshua Jackson, Joy Bryant, Svetlana Metkina, David Krumholtz, Harry Belafonte e Mary Elizabeth Winstead, entre outros, Bobby passou despercebido pelos festivais, ganhando algumas indicações para o Globo de Ouro mas totalmente ignorado pela Academia. O que não deixa de ser uma injustiça, por se tratar de um belo filme que merece ser visto pelo ótimo trabalho realizado pelo diretor, pela reunião inédita de tantos astros do cinema e, principalmente, pela importância histórica do fato que retrata.


Emilio Estevez dirigindo Sir Hopkins em "Bobby".

domingo, março 25

CADERNINHO DE RESPOSTAS

Putz, eu tenho 10 anos. O que a gente não faz pela patroa...

5 coisas que eu quero fazer antes de morrer
- Filhos
- Me formar
- Ficar rico
- Conhecer Londres
- Ver um show do Pink Floyd

5 coisas que eu faço bem
- Macarrão a bolonhesa
- VT de varejo
- Gastar dinheiro com bobagens
- Comer
- (não posso falar nesse blog)

5 coisas que eu mais digo
- "Bah"
- "Obrigado"
- "Te amo"
- "Não tô com sono"
- "Tô indo"

5 coisas que eu não faço (ou não gosto de fazer)
- Musculação
- Lavar banheiro
- Tirar o lixo
- Dormir cedo
- Video institucional

5 coisas que me encantam
- Cheiro de grama molhada
- A determinação, a beleza e o bom humor da minha esposa
- Chocolate e/ou sorvete
- Filmes realmente bons
- Sentar num buteco, tomar uma cerveja bem gelada e bater um papo com conteúdo

5 coisas que eu odeio
- Ex-fumante chato
- Gente metida a grande coisa
- Ser mal atendido quando estou pagando
- Ficar sem dinheiro
- Colorados quando ganham alguma coisa

Claro que nenhuma resposta dessas é definitiva. As respostas podem ser outras amanhã. Ou até mesmo hoje...
300



Há uns 3 anos atrás, quando um amigo me emprestou a graphic novel Os 300 de Esparta, de Frank Miller, confesso que não fiquei tão entusiasmado quanto ele ao falar do gibi. Lembro que achei os desenhos excelentes, mas a história fraquinha. Tá certo que tinha uma mensagem de honra e coragem intrínseca, mas a mesma era completamente clichê e previsível. Ao ver a adaptação dos quadrinhos para o cinema, a impressão continua a mesma. Porém, como na relação entre um storyboard e a cena filmada, 300 (Zack Snyder, EUA, 2006) dá vida à idéia original de Miller. O estilo do autor foi transposto fielmente para a tela, enriquecido com movimentos muito bem coreografados e fotografados. Estilísticamente, não dá pra se dizer que 300 não é menos que perfeito em todos os sentidos. O diretor Zack Snyder já tinha provado em Madrugada dos Mortos que é um exímio maestro das imagens, mas em 300 ele extrapola seus próprios limites, transformando cada fotograma em uma tela digna dos melhores pintores, adicionando nessa tela um balé de movimentos de tirar o chapéu. Claro que Frank Miller já tinha feito o trabalho original ao definir o estilo visual da história. Mas Snyder colocou um tempero que transformou esse filme numa iguaria inesquescível. Certamente, 300 virou desde já um paradigma visual do tamanho de Matrix, Gladiador e Senhor dos Anéis.

Mas meu entusiasmo para por aí. Um filme não merece entrar para a história do cinema - como muitos críticos entusiasmados estão dizendo - se não tiver um enredo que valha a pena. Como disse antes, 300 traz uma mensagem pífia de honra e coragem. Mas o que se vê além disso é apenas pau, sangue e gritaria. A lenda da batalha das Termópilas até hoje é lembrada como uma das melhores táticas de guerra já executadas na história dos combates. Só que essa batalha foi protagonizada pelos soldados espartanos, guerreiros treinados para não sentir dó do inimigo e cuja maior glória era morrer na ponta de uma lança. Emoções, portanto, estavam excluídas da equação. É aí que mora o pecado de 300. O símbolo da filosofia espartana, o Rei Leônidas (numa marcante interpretação de Gerard Butler, justiça seja feita), não é nada mais que um caudilho que não pensa nas conseqüências de seus atos. Leônidas, criado desde criança pelo código espartano "não se render, não recuar", perde a noção do perigo e o timing da batalha, deixando de lado a possibilidade de conquistar um objetivo maior. Em resumo, se Leônidas fosse um técnico de futebol, seu time sempre perderia de 11 a 6. Tamanha insensatez impede que o espectador sinta a empatia necessária pelo protagonista.



Por isso, 300 deixa de ser um filme nota 10. Muito provavelmente vai ganhar todos os prêmios do MTV Movie Awards desse ano devido ao seu visual estonteante (dependendo, é claro, de como for Spiderman 3, que estréia em maio). Mas as vezes a imagem não é tudo. Em Madrugada dos Mortos, Zack Snyder tinha modernizado o clássico de 1979 de George Romero, tanto no visual, quanto no roteiro. No entanto, em 300 o diretor deixou de lado seu lado autoral para se dedicar exclusivamente ao de esteta. Tomara que em seu próximo projeto - mais uma adaptação de quadrinhos: Watchmen, de Alan Moore - Snyder volte a dar pitaco na história original. Talento ele tem de sobra.

Ah, sim: o Rodrigo Santoro está no filme. E ele fala, dessa vez. Apesar de não ser a sua voz...


"Ah, que saudades do Brasil. Ao menos lá eu pego a Ellen Jabour. Aqui, tenho que encarar o Osama Bin Laden."

sábado, março 24

CONVERSA DE FIM DE MÊS

Camila: Vamos doar sangue uma hora dessas?

Fabian: Amor, eu sou asmático, não posso doar sangue.

Camila: Isso não é problema. Asmático também pode doar sangue.

Fabian: Uma vez eu fui no banco de sangue e eles não deixaram eu doar por que eu tenho asma.

Camila: Duvido.

Fabian: Meu amor, tu acha que na pindaíba que eu ando eu não iria doar? Até porque eles dão um sanduiche para os doadores. Eu poderia almoçar lá todos os dias...

IMPRESSIONANTE!



O que é impressionante não é o Arcade Fire colocar 8 músicas de Neon Bible no Top Ten do Last.fm. O que é impressionante é Black Wave-Bad Vibrations e [Antichrist Television Blues] não estarem nessa lista.

Realmente, Neon Bible é um puta disco mesmo. Alguém duvida que estamos diante de uma banda que vai entrar para a história do rock?

terça-feira, março 20

HELLO, AVATAR

Todo mundo já tá careca de ouvir falar no Second Life, portanto, nao vou ser eu que vou falar das características do jogo, isso você pode achar por aí facilmente - na Época dessa semana tem uma baita matéria. É um novo mundo que se abre para os mais ligados. Uns estão lá para ganhar dinheiro, outros para fazer um sexozinho virtual, outros apenas andam e voam pra lá e pra cá. Mas tem gente que dá vazão à sua criatividade e faz coisas geniais, como isso:



Mais informações em www.molotovalva.com.
O PASSADO NEGRO DE HUGH GRANT



Esse cara é, sem dúvida, uma das figuras mais engraçadas do cinema atual. Videozinho cortesia do Kako.

UPDATE: O filme é massa! Começa com esse clip e segue uma hora e quarenta de show do Hugh Grant. O cara é, sem dúvida, uma das figuras mais engraçadas do cinema atual. Ele consegue ser tão natural em algumas piadas que parecem não fazer parte do roteiro, e sim cacos do ator. Isso sem contar suas várias performances "musicais", que são de chorar de rir. Além de Grant, as inúmeras referências a ícones musicais esquecidos dos anos 80 agradam aqueles que viveram a breguice daquela época - a própria história da banda PoP lembra muito a trajetória do Wham!, lembra? Andrew Ridgeley*? E a pergunta que não quer calar depois de ver esse filme: o que é mais brega: os cabelos do Flock Of Seagulls ou esse monte de cachorras metidas a divas que metem um negão fazendo rap enquanto elas cantam letras bacanas como "eu sigo mexendo meu bumbum, porque é com o bumbum que se consegue um namorado"? ONDE ESTÁ A MELODIA? ONDE ESTÃO AS LETRAS? Ao menos, por mais brega que fosse, o pop oitentista era muito melhor que as Mariah Careys, Rihannas e Aguileras de hoje.

* Parceiro de George Michael no Wham!, que caiu no ostracismo depois da dissolução do grupo.

sábado, março 17

FUTUROLOGIA ou O ENVIADO DE DEUS

George W. Bush desperta os sentimentos mais extremos nas pessoas. Enquanto alguns têm ele como um mensageiro de Deus e um paladino da justiça e da paz mundial, outros (a grande maioria, não tenho medo de dizer) o vêem como o anticristo, um político sem escrúpulos que envia soldados e mais soldados para morrerem numa guerra baseada em mentiras. De qualquer forma, por ser o homem mais poderoso do mundo, Bush acaba sendo sempre o centro das atenções, principalmente nas manifestações cinematográficas da esquerda cultural. Em dois documentários ainda inéditos no Brasil, o presidente americano é mostrado das duas maneiras citadas acima. Porém, o que dá pra se ver é que as duas produções têm algo em comum.

O aliciamento de crianças para a causa de Deus é o mote principal de Jesus Camp (Heidi Ewing/Rachel Grady, Eua, 2006), produção indicada ao Oscar de Melhor Documentário de 2007. As diretoras acompanharam uma temporada no acampamento de verão Kids On Fire, onde crianças e pré-adolescentes participam de atividades que visam fortalecer a sua fé no cristianismo. Porém, o que se vê é uma celebração de preconceito, fanatismo e maquiavelismo político, numa lavagem cerebral que mete medo em quem assiste. O discurso é intimidador, no sentido de mostrar que o cristianismo é quem tem o monopólio da verdade, enquanto as outras religiões são mentirosas. O resultado disso são crianças exibindo uma fé cega em tudo o que os pregadores lhes dizem, numa demonstração de fundamentalismo digna dos mais fanáticos muçulmanos. Essa é justamente a intenção, como diz a líder do acampamento, Becky Fisher: "Enquanto os islâmicos treinam suas crianças desde a mais tenra idade para inclusive matar em favor da sua causa, nós ficamos aqui estáticos. Minha missão é justamente treinar nossas crianças para defender a causa do cristianismo com o mesmo ardor. Estamos numa guerra, e nós temos a verdade ao nosso lado". Além disso, o filme traz mais depoimentos impressionantes, como o de uma mãe que ensina seu filho em casa porque nas escolas dizem que o criacionismo é errado e o do pastor Ted Haggard, que friamente mostra que existe um plano muito bem traçado para a ocupação de cargos estratégicos da política e do judiciário americano por fundamentalistas cristãos. OK, mas onde Bush entra nessa história? Não é novidade a crença cristã do presidente e o suporte que a comunidade religiosa lhe dá (inclusive o próprio Ted Haggard foi "conselheiro espiritual" do governante americano, antes de se envolver num escândalo homossexual), conforme se vê numa das cenas mais chocantes do filme. Numa das palestras de Fisher, um display com a foto de Bush é colocado no altar enquanto a ministra pede às crianças que orem pelo governante. As crianças então se ajoelham diante da foto e a reverenciam como se o presidente fosse o próprio messias ressuscitado na Terra. Mensageiro de Deus?

Death Of A President (Gabriel Range, Inglaterra, 2006) mostra um exercício de futurologia: em 19 de outubro de 2007, o presidente é morto em um atentado em Chicago. Usando impressionantes efeitos digitais, o diretor mostra, usando uma linguagem de documentário de maneira extremamente realista, os momentos que antecedem o assassinato, o próprio, e as posteriores investigações. Por trás das maravilhas dos efeitos especiais - que fazem o espectador realmente achar que Bush foi assassinado, só vendo pra entender - existe uma série de questionamentos sobre a posição do governo americano em relação à guerra e aos seus veteranos, à discriminação racial e às liberdades individuais. As conseqüências de um possível assassinato de Bush seriam benéficas ao mundo ou as sandices do executivo americano face a esse fato atingiriam patamares inacreditáveis? O filme em nenhum momento se posiciona de forma expressa, mas fica um sentimento de que Bush ainda é melhor (ou menos pior) vivo que morto. De qualquer forma, é um filme indispensável, pelo realismo das cenas, pela maestria do diretor na montagem e nos efeitos especiais e pela análise coerente e madura da possibilidade disso eventualmente acontecer.


A criança fanática e Bush levando a pior em dois filmes sensacionais