quarta-feira, maio 19

A JUSTIÇA TARDA MAS NÃO FALHA

Filmes de tribunal são comuns em Hollywood. Todos eles, pelo simples fato de lidar com a justiça e, consequentemente, com os valores da sociedade, atraem a atenção de todos os amantes do cinema. Além disso, geralmente os filmes de tribunal trazem uma bela trama de suspense, geralmente com uma reviravolta genial no fim. A fórmula já pode ser dada como gasta, mas ainda rende belos frutos como O Júri (Runaway Jury, Gary Fleder, EUA, 2003). Baseado no livro de John Grisham, o filme conta com um elenco estelar, com atores do nível de Gene Hackman, Dustin Hoffmann e John Cusack.

Depois de um assassinato em massa, o advogado idealista da viúva de uma das vítimas, Wendell Rohr (Hoffmann), processa os fabricantes da arma usada no massacre. Por sua vez, com medo de que a derrota no julgamento acarrete numa avalanche de processos, a defesa contrata o consultor Rankin Fitch (Hackman), um especialista na montagem de júris. Fitch usa de todos os meios para conseguir um veredicto favorável ao seu cliente, mas o que ele não conta é com a interferência de um dos jurados, Nicholas Easter (John Cusack), que também está interessado em manipular o júri em seu favor. Com a ajuda da misteriosa Marlee (Rachel Weisz), Easter coloca a competência de Fitch em jogo, apesar de toda a experiência e do aparato tecnológico a disposição do consultor.

Até aí tudo é clichê em se tratando desse tipo de filme. Mas o que torna O Júri um filme diferente dos demais é justamente a discussão ética que ele traz. Sem revelar o final - que não chega a ser surpreendente, mas totalmente condizente com a trama - o que pode ser dito é que nem sempre a justiça é obtida através dos meios legais. Quem nunca ficou indignado ao ver injustiças serem cometidas pelo simples fato da lei ser colocada de lado por uma mera quantia monetária? O poder econômico compra sentenças, infelizmente, e não podemos ser ingênuos a ponto de nos cegarmos perante isso. As evidências estão diariamente nos jornais. O que esse filme mostra é que as vezes é válido jogar o mesmo jogo sujo dos culpados para se obter a justiça, que nem sempre é cega diante de uma vasta quantia em dinheiro. A questão é: o que é certo e o que é errado? As vezes o errado é certo e vice-versa, comprovando a máxima maquiavélica, os fins justificam os meios. Depois de ver esse filme, com certeza você verá de outra forma a justiça, as razões humanas e a sujeira do sistema judiciário. E ainda terá duas ótimas horas de entretenimento.