terça-feira, abril 12

GARDEN STATE

Assim como Mundo Cão e Encontros e Desencontros, Hora de Voltar (Garden State, Zach Braff, EUA, 2004) é um daqueles filmes que nem todos vão gostar. Só os que se identificarem com os problemas de Andrew Largeman (Zach Braff) é que vão ver a real qualidade desse filme. Devido a um acidente na infância, Andrew foi submetido pelo seu pai médico a um tratamento a base de lítio, o que o transformou num zumbi emocional, incapaz de ter qualquer tipo de sentimento em relação à vida. Ao ter que retornar à sua cidade natal depois de nove anos devido à morte de sua mãe, Andrew conhece Samantha (Natalie Portman), uma epilética e mentirosa compulsiva, mas extremamente cativante. A relação entre os dois acaba servindo pra trazer Andrew ao mundo dos sentimentos e, com isso, dar sentido à sua vida..

Na verdade, você não precisa ser um viciado em lítio nem ser órfão de mãe para se identificar com Garden State. Nas entrelinhas da história aparecem questões como a covardia dos pais, a incapacidade dos filhos para a vida, o medo de amar e, principalmente, a grande verdade do filme: não interessa o lugar onde vivemos, e sim as pessoas que nos cercam. Quantas vezes não nos sentimos sozinhos mesmo cheio de pessoas a nossa volta? Por mais que seja um grande clichê e coisa de quem não reconhece a própria felicidade, é a mais pura verdade. Criamos barreiras emocionais por medo de sofrer e encarar os problemas que a vida nos apresenta. Com isso, ao mesmo tempo que nos preservamos, perdemos grandes oportunidades de sermos felizes. Neste contexto, nossa única salvação é que a presença de alguém especial consiga romper essas barreiras e livrar-nos dessa falsa ilusão de conforto e tranquilidade. Quando isso acontece, então finalmente podemos bater no peito e afirmar que estamos realmente vivendo.

Ah, e tudo isso embalado por uma trilha sonora de primeira, com Coldplay, Zero 7, The Shins, Remy Zero e Nick Drake, entre outros.

Zach Braff e Natalie Portman
- Fuck, this hurts so much.
- I know it hurts. But it's life, and it's real. And sometimes it fucking hurts, but it's life, and it's pretty much all we got.

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