sexta-feira, abril 8

A CLASSE OPERÁRIA VAI AO PARAÍSO (E SE DÁ MAL)

Já faz algum tempo que eu decidi não frequentar mais lugares considerados "bacanas", aqueles lugares caros em que os playboys e as petecas se reúnem com suas roupinhas de griffe e suas camisas pra dentro das calças. Descobri, com a idade e a experiência, que se você tiver que se empetecar para ir em algum lugar, é porque o lugar é ruim mesmo. Ou seja, nada como um lugar com uma boa música num volume razoável, onde se possa beber a um preço decente, dançar sem se bater em ninguém e conversar sem ter que gritar.

Mesmo assim, fui convencido pela minha namorada a ir no Café do Prado ontem, com a desculpa da bebida e comida de graça, já que era a reinauguração do lugar, boca livre só para convidados. Chegando lá, de cara tivemos que enfrentar uma fila, o que é estranho, já que chegamos na hora marcada e todos da fila tinham convite. Uma meia hora depois conseguimos entrar e vimos que o lugar estava praticamente vazio, o que invalidava totalmente a existência de uma fila. Ah, já ia me esquecendo da falta de estacionamento das redondezas, o que me obrigou a largar o carro na mão dos manobristas pela "módica" quantia de R$ 10,00.

Já que estávamos lá, pensamos: "vamos aproveitar a boca livre". Que nada! O tal coquetel prometido no convite se resumiu à uma misturinha cachorra de vodka com um Tang qualquer, que era servida em longos intervalos pelos garçons. Nada de bóia, nem uma bolachinha! Antes que alguém pense que eu não deveria reclamar, já que é de graça, eu digo que na minha casa, quando eu me proponho a receber alguém, eu sirvo do bom e do melhor, em quantidade suficiente para que nunca falte. Se não for assim, eu nem convido. Já que eu tenho esse tipo de atitude, eu cobro isso dos outros. Se você se propõe a receber alguém, então que receba bem. Irritados com tudo isso e com a profusão de playboys que já lotava o lugar, resolvemos ir embora. Pedi que os manobristas trouxessem meu carro e tive que esperar MEIA HORA para que conseguisse, enfim, ir embora. Isso sem contar nas caras de bunda que os caras faziam cada vez que eu reclamava da demora e do seu ar de desdém sempre que falavam "ah, é um Kadett". Vão pra puta que pariu, bando de chinelões! Quer dizer que se eu estivesse de BMW as coisas iriam ser diferentes?

Depois disso, acabamos indo num lugar muito bacana, ali pertinho mesmo. A creperia O Francês, eleita várias vezes como a melhor da cidade pela Veja. Os donos do Café do Prado deveriam ter uma aula de atendimento com os donos da creperia. Um lugar agradável, ótima música, bom atendimento, comida e bebida de primeira. O movimento estava fraquíssimo, prova de que o portoalegrense realmente não sabe distinguir o bom do ruim.

Eu já tinha decidido antes, mas agora reafirmo minhas convicções: lugar de playboy nunca mais, nem de graça.

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