segunda-feira, maio 30

PIADA SEM GRAÇA

Eu me lembro de quando eu vim morar em POA pela primeira vez, lá por 1991, teve um show do Sepultura num ginásio que tinha na Protásio. Na época, os mineiros ainda não eram tão conhecidos, mas já eram cultuados pelos metaleiros mais from hell. Eu não era um deles, mas pelo meu ecletismo musical, gostava da banda. Por isso, nada melhor que vê-los ao vivo. Só que chegando no local do show, eu literalmente arrepiei. Cabeludos mal-encarados me olhavam de cima a baixo por causa do meu estilinho playboy-do-interior, cabelo curto e camisa por dentro da calça. Dei meia volta e fui pra casa. Alguns dias mais tarde, encontrei na Rua da Praia um camarada todo machucado. Quando perguntei a razão dos ferimentos ele só me respondeu: "Show do Sepultura, cara! Muito maaassa!!!".

Naquela época, metaleiros me metiam medo. Hoje em dia, vendo a galerinha que marcou presença no show do Massacration, ontem a noite no Opinião, a única coisa que me causam são risadas. Um bando de guris com camisetas pretas, de não mais que 1,65 de altura e com uma puta cara de mau. A impressão que me deu é que eu estava numa versão malvada do Condado. Engraçado, na minha época parecia que os metaleiros eram maiores e mais perigosos... A única coisa que não mudou é a feiúra das metaleiras...

Mas falando do show - e explicando o porque do título do post - foi um saco. Pra começar, a primeira banda de abertura começou com meia hora de atraso em relação ao horário previsto para a atração principal. A Toccata Magna começou bem, mesmo sendo uma cópia barata do Dream Theater. Só que, de repente, entrou no palco um baixinho de cabelo pixaim e com um cavaquinho! Dali a pouco, o tal baixinho começou a cantar!!! Sim, era o vocalista!!!! Imaginem a cena: quatro cabeludos, uma mina tocando teclado e um baixinho com estilo de pagodeiro com um cavaquinho no mesmo palco. Ah, e pra terminar a banda tocou uma versão de No More Tears, cantanda num inglês á-la-Solange do BBB. Não dá pra levar a sério, né? Mas os hobbits da platéia parece que gostaram...

Mais 15 minutos de intervalo e entra no palco a Grosseria. HC na veia... Mas quem ainda tem saco pra ver um bando de guris tocando alto e rápido pra caralho depois do surgimento do Krisiun? Sem contar que a única coisa que dava pra entender era quando o vocalista mandava a platéia tomar no cú e se foder. Ai, ai...

Quando eu achei que enfim iria começar o show... entra MAIS uma banda de abertura - isso já são pra lá de 11 horas, duas horas depois do marcado. A Disrupted até que foi bem. Tocaram um thrash metal de qualidade, claramente influenciado pelo Slayer. Com uma dupla de guitarristas de primeira linha, um baterista animal e um vocalista muito bom de palco, eles foram a salvação da lavoura na noite de ontem. Se não fosse o visual Fred Durst/Wes Borland do vocalista e do guitarrista, eles seriam perfeitos.

Depois de um martírio inicial - o que esperar de bandas que se prestam a abrir um show de uma banda que é uma piada, não é mesmo - entra a atração principal. Anunciada pelo tema do seriado Hermes e Renato, o Massacration já solta logo de cara uma piadinha envolvendo um pseudo-oficial de justiça sendo defenestrado do palco pelo infame Joselito. A banda ganha a platéia logo de cara (o que é um total contrasenso, já que a razão maior da banda existir é a tiração de sarro em cima dos próprios metaleiros). Como já se viu no Planeta Atlântida, os humoristas da MTV tocam e cantam sem playback, surpreendendo pelo talento - Spinal Tap brasileiro? Porém, quando o show estava ficando bom, ACABOU! Sério, a apresentação não durou nem meia hora, deixando no ar a sensação de picaretagem pura. Claro que se tivermos um pouco de senso de humor, dá pra encarar isso até como uma parte da piada que é a banda. Mas depois de quase três horas de sofrimento auditivo, não há quem mantenha o humor. Se eles tivessem dispensado as bandas de abertura, até que seria engraçado, mas no caso, deu raiva.

Ao menos o ingresso era cortesia...

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