segunda-feira, novembro 1

O SONHO ACABOU... SÓ TEM PASTEL

Pois é. Depois de 4 mandatos, a Frente Popular deixa o poder na prefeitura de Porto Alegre. Foram dezesseis anos em que a participação popular e a democracia fizeram história. Nunca o povo esteve tão no poder como nesse tempo. Os próximos quatro anos serão bem diferentes. Não se pode dizer que tipo de proposta política guiará os rumos da cidade, já que o candidato eleito, ao fazer os acordos necessários para sua eleição, leiloou cargos e parcelas do poder. A única certeza que teremos é de que os próximos quatro anos serão de profunda reflexão: o que aconteceu?

Na minha opinião, essa eleição foi polarizada em duas correntes: a dos militantes e simpatizantes do PT, identificados com seus princípios e com sua ideologia esquerdista; e a dos anti-petistas, uma grande massa que não tem identidade partidária, totalmente divergente no seu pensamento político, mas unida numa causa comum, desbancar o PT do poder, não importando quem faça isso, nem que seja uma pessoa detentora de uma história inócua na política, como o nosso novo prefeito. Quem acompanha a política sabe que existem duas correntes básicas de pensamento: a direita e a esquerda. Só que no Brasil, o jeitinho que alguns políticos sem escrúpulos deram para manter-se eternamente no poder, foi criar uma nova corrente: o centro. O centro nada mais é que o não-compromisso da palavra, a liberdade para parasitar o poder sem se preocupar com a coerência e, muito menos, com a decência. Pensando objetivamente, podemos facilmente identificar esses pseudo-partidos e seus políticos profissionais, mestres na arte de ludibriar o povo e vender apoios políticos em troca de pedacinhos de poder.

Mas não coloco a culpa da derrota petista nos partidos vencedores e, muito menos, no povo enganado por uma proposta vazia de mudança. O grande culpado da derrota foi o próprio PT. Não que os 16 anos de prefeitura foram ruins, muito pelo contrário. Qualquer porto-alegrense, petista ou anti-petista, reconhece o progresso da cidade nesses últimos anos. Porém, o sucesso da administração popular e o crescimento gigantesco do PT na última década deu ao partido uma soberba umbiguista que o cegou. Criou-se um pensamento interno de que apenas o PT era o dono da verdade, e que quem não compactuasse com essa verdade, estava simplesmente errado. Junte-se à isso o crescimento do partido e a briga interna das duas principais correntes - DS e Amplo - pelo poder das decisões estratégicas e temos as verdadeiras causas da derrota.

Falando sinceramente, acho que a derrota em Porto Alegre vai dar novos ares ao PT. Vamos voltar às nossas origens oposicionistas. Vamos poder por á prova o discurso dos vencedores e comprovar se suas propostas são verdadeiras ou apenas promessas eleitorais. Vamos avaliar se tudo o que foi feito nos 16 anos de poder valeu a pena ou não. Vamos poder ver quem realmente tem competência para administrar a cidade e mudar a sua cara como o PT fez. E, principalmente, vamos poder pensar muito no recado dado pelas urnas mudar algumas posições tomadas nos últimos anos, principalmente a nível federal. O PT não é um partido de caciques, é um partido do povo. Cabe aos tais caciques abdicarem do seu pretenso poder e refletirem no mal que fizeram a toda a militância que é a verdadeira dona do partido, e ao povo, que está perdendo sua última esperança de seriedade na política.

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