sexta-feira, setembro 9

JUDAS PRIEST E WHITESNAKE - GIGANTINHO - 06/09/2005

O heavy metal sobrevive, e muito forte. Foi o que deu pra ver na noite de terça no show que o Judas Priest e o Whitesnake fizeram aqui em Porto Alegre. Por mais que digam que o gênero perdeu força nos últimos anos, a verdade é que ainda o som pesado tem fãs, e muitos, diga-se de passagem. E não são aqueles remanescentes das saudosas décadas de 70 e 80, quando o HM era forte. Muitos adolescentes, com suas camisetas pretas e cabelos compridos, mantém viva a chama do rock. No Gigantinho era comum ver rugas e barrigas ao lado de rostos imberbes, todos cantando as letras em uníssono, como se fossem sucessos radiofônicos atuais. E todos esses boquiabertos pela chance de ver dois ícones do metal ainda em plena forma.

O Whitesnake abriu o show disposto a ganhar a platéia logo de cara. É notória a antipatia que alguns tem pelo vocalista David Coverdale pela postura de sex symbol adotada nos anos 80, a ponto de se esquecerem que Coverdale surgiu como vocalista do lendário Deep Purple nos anos 70. Para lembrar esse momento de sua carreira, a banda abriu o show com um medley de Burn/Stormbringer, dois clássicos do Purple. Daí em diante, foi um clássico atrás do outro: Bad Boys, Still Of The Night, Crying In The Rain, Slow An'Easy... Em Love Ain't No Stranger e Give Me All Your Love, deu pra ver que os comerciais do cigarro Hollywood, popularíssimos na década de 80, ainda estão presentes na mente dos trintões, que cantaram a letra inteira das duas músicas. Já em Is This Love, a platéia feminina veio abaixo. Como de costume, o Whitesnake está com uma formação diferente, mas a qualidade se mantém. Os guitarristas Reb Beach e Doug Aldrich fazem uma dupla muito competente, mas não o suficiente para fazer os fãs esquecer da dupla Adrian Vandenberg e Steve Vai, que gravou o álbum Slip Of The Tongue. Na bateria, Tommy Aldridge desafia o tempo e a idade mostrando que ainda tem a mesma energia dos tempos que tocava com Ozzy Osbourne. Em seu solo, Aldridge jogou as baquetas pra galera e terminou tocando só com as mãos, levando a platéia a loucura. Coverdale continua o mesmo. Sempre lembrando muito Robert Plant, na voz e nos trejeitos - por isso o apelido Coverplant - mas ainda assim, um frontman excelente e surpreendentemente simpático. Um grande show de uma grande banda, que por si só já valia o ingresso.

Mas a atração principal ainda estava por vir. O Judas Priest é um dos inventores do heavy metal, tanto pela sonoridade quanto pelo visual. E o que deu pra ver nas duas horas de show é que os mais de trinta anos de carreira não arrefeceram a energia tradicional da banda. No intervalo dos dois shows, o que a platéia se perguntava era "será que o Rob Halford vai entrar de moto no palco"? Não entrou, mas sua primeira aparição não foi menos bombástica, aparecendo num elevador no fundo do palco bem depois da entrada do resto da banda, vestindo uma capa de couro com detalhes em metal, exibindo sua careca tatuada e cantando Electric Eye com a voz potente de sempre. Claro que, ao se falar de Rob Halford, é impossível não fazer uma piada sobre a sua declarada homossexualidade, mas eu é que não vou fazer essa piada. O cara continua com a mesma pose de mau, mais macho que muito metaleiro por aí. O show do Priest foi igual ao que estamos acostumados a ver: o baixista Ian Hill paradinho no lado do palco, os guitarristas K.K. Downing e Glenn Tipton quase sempre em primeiro plano, entrosadíssimos e o baterista Scott Travis quebrando tudo lá atrás. Halford passeia com autoridade pelo palco e por duas passarelas laterais, (ainda) ensurdecendo a todos com seus agudos impressionantes. O show atinge o seu auge com a clássica Breaking The Law, berrada pela platéia. As músicas do disco novo, mesmo muito boas, deixam o pique cair um pouco, mas quando a banda toca Turbo Lover, a platéia levanta de novo (e dizer que essa música foi execrada quando do lançamento do disco Turbo, em 1986). Mais para o fim do show, a banda executa um clássico atrás do outro: Victim Of Changes, Exciter, Painkiller. Depois de uma pequena paradinha, o momento que todos esperavam: Halford entra no palco em cima da sua Harley para cantar Hell Bent For Leather. E com Living After Midnight e You've Got Another Thing Comin', o Judas encerra um show que certamente ficará guardado na memória dos 6.700 presentes, dando a certeza que o heavy metal está muito longe de acabar.

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