segunda-feira, outubro 4

AGORA SIM, O MELHOR FILME DO ANO...

Se alguém tinha alguma dúvida, como eu, entre Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças e Kill Bill 1, sobre qual dos dois era o melhor filme do ano, a dúvida acaba daqui a alguns dias, quando a segunda parte da saga da noiva estrear nos cinemas brasileiros. Kill Bill 2 (Quentin Tarantino, EUA, 2004) é perfeito do início ao fim. Não é tão pop nem tão violento quanto a primeira parte, em compensação tem tudo que você pode esperar de um filme em doses muito bem distribuídas. Tem comédia, ação, suspense e - surpreendentemente, em se tratando de um filme de Tarantino - drama, além das inúmeras referências cinematográficas (desde Ninho de Cobras á Sexta Feira 13) e os diálogos malucos, marcas registradas da carreira do diretor.

Antes do primeiro filme estrear, Tarantino dizia que Kill Bill era um filme dividido em dois. Depois de ver a segunda parte, podemos ver que não é bem assim. Enquanto Kill Bill 1 era carente em diálogos e recheado de ação, deixando a história de lado em detrimento da diversão pura e simples, Kill Bill 2 preenche todos as lacunas da história proposta na primeira parte, mostrando a real motivação d´A Noiva (Uma Thurman) e o que acarretou o massacre do qual ela quer se vingar. Vemos então que o que parecia uma vingança de um ato gratuito de violência nada mais é do que uma história de amor - muito - mal resolvida. E que Bill (David Carradine) não é apenas um gangster que merece simplesmente ser fatiado pela espada mágica de Hatori Hanzo, e sim um homem com o coração ferido pelo amor não correspondido de @$#!&%$#* (leia-se o nome verdadeiro d´A Noiva, enfim revelado). Não estranhe se você, no fim do filme, esteja torcendo pelo assassino. Isso acontece com todos que veêm o filme. Lágrimas também são perdoadas...

Tarantino, com esse filme, conseguiu o que parecia impossível: fazer um filme melhor e mais completo que Pulp Fiction. Calma, antes de querer me matar, vejam a cena em que A Noiva é enterrada viva, talvez a melhor que o cineasta fez em sua carreira, relacionando O Silêncio do Lago com os filmes de ninja dos anos 70 e Karatê Kid. Ou talvez a luta entre A Noiva e Elle Driver (Daryl Hannah), com o desfecho tragicômico que lembra o duelo de Monty Python e o Cálice Sagrado; ou ainda o monólogo de Bill sobre o Super-Homem. Tarantino se supera a cada minuto de película apresentada, até os irônicos créditos finais.

Dica do humilde crítico wannabe que vos fala: para entrar no clima, alugue o primeiro filme, peça uma tele-entrega de comida japonesa e saia correndo para a próxima sessão com o primeiro filme bem fresquinho na cabeça. Não que seja imprescindível ver o primeiro antes do segundo, mas ajuda a criar toda uma atmosfera que fará com que Kill Bill 2 seja uma experiência muito mais espetacular do que já é. O difícil vai ser conter a vontade de fazer isso todos os dias.

P.S.: Só mesmo eu para arranjar uma namorada que consegue relacionar Kill Bill com a bomba O Mistério da Libélula. Talvez nem Tarantino tenha notado essa relação, que REALMENTE existe...

David Carradine e Uma Thurman em Kill Bill 2
Pô, deixa o cara viver! O Bill é gente fina...

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