quinta-feira, setembro 13


TAPA NA CARA!


"Bandido bom é bandido morto"
, já dizia o célebre Pedro Américo Leal. Quantas vezes você sentiu embrulhos no estômago quando vê a bandidagem passando bem em razão dos protestos dos tais ativistas dos Direitos Humanos? Ao mesmo tempo, dá nojo de saber que quem tem a função de nos proteger dessa bandidagem geralmente se vende por pouco, mas mesmo assim muito se comparar com o que recebem pra isso. Na verdade, tudo isso é um cobertor curto, cujo dono é o Estado e seus gestores. Porém, também temos nossa parcela de culpa nessa equação. Temos como reclamar da corrupção e da violência quando enrolamos nosso baseadinho inocentemente, baseado esse vendido por uma criança cuja única perspectiva de vida é viver do tráfico?

Meio confuso, né? Eu sei. É a confusão que sentimos ao ver Tropa de Elite (José Padilha, Brasil, 2007), a maior produção brasileira do ano. Se você achou Cidade de Deus um tapa na cara da acomodada burguesia, sinto muito. Perto de Tropa de Elite, Cidade de Deus não passa de um cafuné. O filme mostra a cruel realidade da relação entre polícia e traficante no Rio de Janeiro, onde quem impera é a corrupção e onde todos tem "boas" razões para justificar seus atos. No meio disso, alguns representantes da classe média com "consciência social" e um esquadrão de elite, o BOPE, que tem a difícil missão de resolver os problemas que acontecem nesse tenso affair entre o céu e o inferno. Sem tentar aqui fazer um pré-julgamento das truculentas maneiras do BOPE, mas lanço aqui um desafio: quero ver quem consegue ver esse filme e achar QUALQUER exagero no que eles fazem. No meio de todo esse caos, o único jeito de se manter a paz é justamente entrando de cabeça na guerra, doa a quem doer.

Falando do filme, é claro que eu vi a tal cópia pirata que rola na internet, um mês antes do lançamento oficial do filme nos cinemas. Portanto, muito provavelmente não seja a versão final. Mas o que dá pra ver é que, sem dúvida nenhuma, É O MELHOR FILME BRASILEIRO DA HISTÓRIA! Wagner Moura simplesmente se coloca no nível dos melhores atores do mundo, fazendo um Capitão Nascimento visceral, cuja adrenalina e indignação ultrapassa os limites da tela e vai parar dentro do nosso estômago, nos fazendo sentir a mesma coisa que ele sente. Nisso ainda leva Caio Junqueira - aquele ator que quase ninguém sabe o nome e que está em TODOS os melhores filmes brasileiros das últimas décadas que, até que enfim, ganha o papel de destaque que merece - e André Ramiro, um ilustre desconhecido que tem o papel de refletir a crescente indignação de quem sofre as agruras de viver sempre entre o bem e o mal. Da montagem e da direção ninguém discute: Daniel Rezende, o mesmo montador de Cidade de Deus e José Padilha, o mesmo diretor de Ônibus 174. Ou seja, dois mestres mandando bem novamente.

Enfim, um filme que, cinematograficamente falando, tem tudo pra correr o mundo levantando prêmios e que, sociologicamente falando, abre os nossos olhos pra quem é o verdadeiro culpado da caótica sociedade que vivemos. Então, playboy, apaga o beck e vai ver esse filme. E pense bem antes de comprar mais um. O culpado é você.

Mais sobre o BOPE aqui.

2 comentários:

mutantix disse...

Ok, entendo o raciocinio de que as crianças hoje vão trabalhar pro tráfico e que os usuários são culpados também. mas tem outro lado. eu deixei de ser usuario mas acho que a descriminalizacao da maconha ajudaria muito nisso, assim como muito, mas muito mais escolas e professores.
as criancas nao caem no trafico so porque a burguesia compra drogas. se nao tiuvesse o trafico, pra onde elas iriam? pra escola? isso eh pensar pouco. como se existissem vagas pra todas as criancas irem pra escola...
a questao eh complexa e eu fiquei bem afim de ver o filme. valeu a dica!

abs
raul

milamori disse...

Best... movie... ever!