quinta-feira, abril 8

SUPERESTIMAÇÃO

Até hoje eu não consigo entender por que tamanho buchicho por causa do Nirvana e de seu vocalista Kurt Cobain. Eu sempre gostei do Nirvana. Fui um dos primeiros na minha turma a descobrir a banda, Smells Like Teen Spirit está entre o meu best of pessoal até hoje, mas eu acho um pouco exagerada essa idolatria em cima dos caras. A grande verdade é que o Nirvana tem um disco realmente bom, Nevermind. Os outros são irregulares, alternam bons e maus momentos. O argumento de que eles abriram as portas do mercado para as bandas independentes é mais do que exagerado. A grande maioria das bandas de rock começou do nada, e o Nirvana não foi nada mais do que uma das inúmeras bandas que se valeram do do it yourself do movimento punk de 1977. A cena grunge de Seattle nem pode ser considerada um movimento musical. O grunge foi uma moda como várias outras, mas que não teve grande influência na história da música, seja em atitude, seja musicalmente, já que era apenas uma versão modernizada do som de bandas dos anos 70 como o Black Sabbath.

Comparando o Nirvana com as outras bandas de Seattle, entendemos menos ainda o motivo do endeusamento deles. O Nirvana era uma banda tosca comparada com o Soundgarden e o Pearl Jam, por exemplo. Se formos comparar com o Mudhoney, vemos que Kurt Cobain era apenas um copiador barato da banda de Mark Arm. Alguns podem falar que Cobain foi um gênio do rock e um exemplo da rebeldia juvenil, mas não era isso tudo. Cobain era um junkie esquisitão e um músico regular, que fazia algumas arruaças, mas nada comparado a outros ícones da rebeldia roqueira como Keith Moon (The Who) e Sid Vicious (Sex Pistols), só pra ficar nos menos importantes. O único motivo que eu consigo achar para o culto ao Nirvana é o fato de que Cobain estourou os próprios miolos no auge do sucesso da banda, fazendo com que ele entrasse para o rol dos mártires do rock. Foi uma bela saída, porque nada me tira da cabeça que se ele fosse vivo hoje em dia, o Nirvana não seria nem sombra da banda que foi no início da década de 90, o que já não era muita coisa. Afinal de contas, a combinação de três acordes é muito limitada para sustentar uma carreira de mais de três discos...

Mas tudo bem, o rock vive de mitos, justificados ou pré-fabricados. Cobain teve a "sorte" de morrer antes. Se fosse o Eddie Vedder que tivesse se suicidado, o Pearl Jam seria cultuado como a última grande banda do rock. Ao menos o fim do Nirvana deu ao rock a chance de conhecer o talento daquele cabeludo que ficava escondido atrás da bateria, Dave Grohl, esse sim, o único com talento na banda. Sua banda, o Foo Fighters, é tudo o que o Nirvana nunca foi. Além disso, Grohl ainda presenteia o rock com vários outros projetos bacanas, como o Probot, que revisitou o bom e velho heavy metal com uma qualidade impressionante. Se você ainda não escutou, não sabe o que está perdendo. Esqueça o Nirvana e corra atrás do que é bom...

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