segunda-feira, maio 17

IRREVERSÍVEL

Prepare-se. Irreversível (Irreversible, Gaspar Noe, França, 2002) não é um filme comum, em nenhum aspecto. A primeira vista parece muito com Amnésia pela forma de contar a história de trás pra frente, mas ainda assim é mais original por ser um plano em sequência até o fim. Mas o grande mérito de Irreversível está na forma orgânica como foi feito. Não bastasse a violência explícita acima da média, a câmera frenética e os planos inusitados de Gaspar Noe dão a nítida impressão de que estamos literalmente dentro da tela e sendo mais que meros expectadores. A história de Marcus (Vincent Cassel) e Pierre (Albert Dupontel) - respectivamente namorado e ex-marido de Alex (Monica Bellucci, espetacular pra variar), que é estuprada num túnel - que saem pela noite em busca de vingança pelo estupro é apenas uma desculpa para a loucura visual do diretor. Não me lembro de ter visto antes no cinema planos tão estranhos e um ritmo tão alucinado de se contar uma história. Desde os créditos iniciais, minimalistas ao máximo, até a cena final, Irreversível é um magnífico experimento cinematográfico e uma experiência que poucos conseguem aguentar. Só vendo para acreditar.

Um filme que não tem uma mensagem, não tem uma lição de moral - talvez apenas se possa tirar a frase que termina o filme: "o tempo destrói tudo" - mas que vale muito a pena ser visto. Mas não vá de sangue doce. Irreversível é uma porrada na cara e um soco no estômago, tudo ao mesmo tempo.

Irreversível
O tempo destrói tudo...