quinta-feira, julho 21

CPI II

Quem acompanha pela TV Senado os depoimentos da CPI dos Correios fica apavorado com a falta de preparo e de educação dos deputados que a formam. Um show de demagogia e desrespeito. O deputado Jorge Bittar (PT-RJ) mostrou enorme insensibilidade social ao questionar à secretária Fernanda Somaggio o porque dela só denunciar os fatos escusos que presenciou durante o tempo em que trabalhou na agência de Marcos Valério depois de ser demitida. O deputado ouviu da secretária o que todo mundo devia saber, principalmente um político: que o brasileiro comum tem que aproveitar a chance de estar empregado, mesmo que tenha que se calar em algumas situações, sob pena de perder o seu sustento. Deputados como Eduardo Paes (PSDB-RJ), ACM Neto (PFL-BA) e, principalmente, Onyx Lorenzoni (PFL-RS) seriam facilmente passíveis de processo pelas acusações que fizeram a Marcos Valério e Delúbio Soares. Esse último chamou Valério de "lavanderia ambulante" e bradou a plenos pulmões a Delúbio: "eu vou te pegar, eu vou te pegar", numa demostração de demagogia das mais baixas. Cabe lembrar que os depoentes, por mais envolvidos em corrupção que estejam, não estavam lá para serem julgados e, principalmente, condenados sem julgamento. A CPI serve para que se apurem os fatos, e não para apedrejar ninguém. E por mais que tenhamos julgado os corruptos na nossa cabeça, não precisamos dessa demonstração de falta de respeito dos nossos políticos. Demagogia é uma prática em desuso. É subestimar a nossa inteligência. Mais sobre o assunto nessa excelente coluna de Dora Krammer.

Mas nem todos são assim, graças a Deus. A deputada Denise Frossard (PPS-RJ) e os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Heloísa Helena (P-SOL-AL) são exemplos de conduta e decência. Terão sempre o meu voto a partir de hoje.

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