Todo brasileiro que se presta a ler as notícias e que é interessado em política - dever de todos nós - sabe que o jogo político é sujo e mentiroso. Isso já se banalizou. Todos os partidos fazem e não é de hoje. E pior, todos os governos fazem e fizeram até hoje. A democracia, tão pouco praticada no Brasil nas décadas de 60 e 70, rendeu frutos podres nas décadas seguintes. Nossos políticos não tem nem a chance de serem honestos, sob pena de serem crucificados pelos colegas corruptos que ingressam na vida púiblica pensando apenas em encherem seus bolsos com o dinheiro de todos nós. Isso é fato e é muita ingenuidade pensar que não acontece. Porém, a política faz parte da vida plena de todo cidadão, e se a corrupção é inerente à essa política, temos que saber lidar com isso. Claro que não temos que ser coniventes, mas tentar descobrir maneiras de evitar que essa corrupção comprometa o bom andamento dos governos.
Meu pai teve uma breve passagem pela política Essa passagem foi interrompida pela opção que fez em não se vender à desonestidade para progredir na carreira política. Me lembro de suas palavras até hoje: "para se dar bem na política é preciso ser desonesto". Eu tinha por volta de 12, 13 anos, e já me interessava pelo assunto. Como todo adolescente do fim da década de 80 e começo da de 90, acabei me tornando petista, principalmente por ver o que estava acontecendo em Porto Alegre, capital pioneira em administrações populares. Lula se tornou meu grande ídolo político. Eu tinha uma visão ingênua de que o PT era um partido santo no meio de partidos ladrões. Nunca passou pela minha cabeça a idéia de ver meu partido envolvido em qualquer denúncia de corrupção.
Há uma frase que diz que "ser de esquerda aos 20 anos é idealismo, aos 30 é burrice". Eu contrario essa frase. Continuo idealista e de esquerda até hoje. Porém, antes que me chamem de burro, eu aprendi a diferenciar o joio do trigo. Aprendi que num partido, nem todos são honestos ou desonestos. Não dá pra generalizar tipo "o PT é honesto, o PFL é desonesto". Os partidos são feitos de pessoas, e as pessoas são diferentes. Descobri que a escolha de uma corrente política deve ser feita pelas suas propostas e ações quando estão no governo. Durante muito tempo fui oposicão, mas em nenhum momento achei que o Lula, quando ganhasse, deveria romper com tudo e governar á sua maneira. Por isso acho que o governo quase neoliberal que ele está fazendo está muito bom. Os resultados estão aí para todos verem. A economia cresceu, o Brasil está sendo visto com bons olhos no mundo inteiro, as ofertas de emprego estão voltando a aparecer... Porém, o preço de tudo isso é ter que lidar com um Congresso Nacional corrupto em sua essência, que coloca um preço em seus votos sob pena de tornar o país ingovernável.
Por tudo isso, acho que estamos vivendo um momento de ouro na formação da democracia brasileira. Tudo isso que está acontecendo hoje é a desculpa que faltava para que aconteça uma grande reforma política no Brasil. Fidelidade partidária e voto em lista são mais do que necessários, para que o próximo presidente eleito não tenha que ser vítima de extorsão em forma de votos perpetradas pelos deputados e senadores. Só que em vez de colocar a mão na consciência e resolver o que realmente está errado na política brasileira, os políticos se preocupam mais em fazer uma CPI eleitoreira para tentar enfraquecer o presidente Lula para a eleição do ano que vem. É esse o único motivo de toda essa palhaçada que está acontecendo em Brasília. Se existem Delúbios, Valérios e mensalões, é porque existem deputados que deixam de lado os interesses da população em prol dos seus próprios interesses. Se eles escutassem e se preocupassem com o povo, veriam que a população ainda está ao lado de Lula, e quer que ele consiga governar o Brasil com a ajuda do Congresso. E que ele não precise pagar por isso.
Um pouco mais de responsabilidade, respeito e honestidade do Congresso. É só isso que o Brasil precisa.
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