segunda-feira, junho 6

NAS LOCADORAS

Semana passada voltei a frequentar as prateleiras das locadoras. Ou eu dei sorte ou realmente há uma leva de filmes bons. Como são muitos, vou apenas fazer breves comentários.

- Código 46 (Code 46, Michael Winterbottom, Inglaterra, 2003): Um romance de ficção científica que alterna entre bons e maus momentos, mas que se salva no conjunto. Uma ótima visão do futuro, onde o terceiro mundo tem mais importância e a globalização está no seu auge. Código 46 lembra muito, na direção de arte e na fotografia, Minority Report. Porém, o filme de Michael Winterbottom me pareceu mais crível na caracterização mais realista do futuro. A dupla de atores principais, Tim Robbins e Samantha Morton (gracinha!), tem uma química maravilhosa e o final do filme é emocionante - mais ainda com a lindíssima Warning Sign do Coldplay tocando no background.

- Alfie (Charles Shyer, EUA, 2004): Tenho que dar a mão à palmatória: Jude Law é um baita ator. E no papel do canalha Alfie, ele atinge o seu auge. Law está perfeito, ao mesmo tempo um sedutor irresistível e um canalha nojento capaz das mais terríveis filhadaputices com as mulheres e até mesmo com os próprios amigos. Impossível não sentir raiva do cara. O filme poderia ser um amontoado de clichês, mas pelo jeito as comédias românticas estão passando por uma mudança estrutural - vide Hitch. Antigamente, por mais canalha que o protagonista pudesse ser, ele era redimido pela chegada do amor. Em Alfie as coisas não são bem assim, o que dá uma coerência e uma dignidade a mais ao filme. E se durante as quase duas horas do filme você ainda não se rendeu ao talento de Law, o monólogo final não deixa a menor dúvida.

- Suspeito Zero (Suspect Zero, E. Elias Merhige, EUA, 2004): Geralmente quando eu consigo matar a charada antes da revelação final, eu acabo não gostando do filme. Mas Suspeito Zero é tão bacana que é impossível não gostar. No início parece mais uma cópia descarada de Seven, mas depois a trama acaba se mostrando bem original, envolvendo serial killers e paranormais. Ótima opção de entretenimento pra quem gosta de suspense.

- Edukators (Die Fetten Jahre Sind Vorbei, Hans Weingartner, Alemanha, 2004): Grande filme! Ao ler o release de capa e até a metade do filme parece que a premissa básica é a luta entre as classes, entre os revolucionários da classe operária contra os burgueses cheios do dinheiro. Mas a sutil virada mostra um conflito entre gerações muito mais amplo, que prova que os velhos caretas de hoje foram jovens como nós, e provavelmente seremos caretas como eles daqui a alguns anos. Tudo por culpa do tempo e das mudanças naturais da vida. Mais um grande filme alemão como Corra Lola Corra e Adeus Lênin.

- Gosto de Sangue (Blood Simple, Joel Coen, EUA, 1984): Não adianta. Por mais que eu tente, eu não gosto dos irmãos Coen. Salvo algumas exceções - O Amor Custa Caro; E Aí Meu Irmão, Cadê Você? e Arizona Nunca Mais - os filmes dos caras são chatos demais! Claro que Gosto de Sangue tem algumas coisas interessantes - tais como os planos inusitados característicos dos filmes dos Coen e a sequência final, cheia de humor negro - mas a única sensação que o filme causa é sono...

- Como Fazer Um Filme de Amor (José Alberto Torero, Brasil, 2004): Lixo total!!! A idéia até que é boa, mas Denise Fraga derruba qualquer produção! Não deu nem pra terminar de ver...

- O Mesmo Amor, A Mesma Chuva (El Mismo amor, La Misma Lluvia, Juan José Campanella, Argentina, 1999): A grande surpresa da lista. Aliás, não seria surpresa se levarmos em conta que é do mesmo diretor do maravilhoso O Filho da Noiva, mas é que esse nomezinho afugenta qualquer curioso. O filme conta, de maneira extremamente realista e emocionante a história do casal Jorge (Ricardo Darin) e Laura (Soledad Villamil) ao longo de 20 anos ao mesmo tempo que mostra a história recente da Argentina, passando pela ditadura, a abertura política e a Guerra das Malvinas. Grandes personagens, grandes diálogos, bons momentos de comédia e muita, muita emoção sem cair no pieguismo. Um filme simples que acaba se tornando um épico. Não se assustem se Juan José Campanella se tornar o próximo latino a estourar em Hollywood. São poucos os diretores que conseguem contar uma história com tanta honestidade e competência como ele. Belo filme para se ver a dois...

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