Pra começar, quero dizer antes de mais nada que, mesmo sendo um fã de Nick Hornby por causa de Alta Fidelidade, não consegui terminar de ler Febre de Bola. O que mais me fascinou em Alta Fidelidade é identificação instantânea que tive com o personagem principal, Rob Fleming, e seus problemas amorosos. Em Febre de Bola não ocorreu a mesma coisa. Mesmo sendo um gremista de coração, nasci em Ijuí e por isso só fui ver um jogo do Grêmio pela primeira vez aos 16 anos. Além disso, mesmo morando na frente do Olímpico, já cheguei a ficar mais de um ano sem ir ao estádio. Ou seja, estou longe de ser um torcedor fanático. Por isso, não dá pra entender porque o personagem principal de Febre de Bola relega todo o resto de sua vida a segundo plano por causa da sua paixão pelo Arsenal. Outra coisa: não vi a adaptação inglesa do livro para o cinema - feita em 1997 e com Colin Firth no papel principal - por isso não dá pra comparar com o remake americano.
Por tudo isso, não dá pra analisar Febre de Bola (Fever Pitch, Bobby Farrelly/Peter Farrelly, EUA, 2005) usando comparativos. Ao mesmo tempo que não posso dizer se o filme é melhor ou pior que o livro, ou se a versão americana é melhor ou pior que a inglesa, o que falarei a seguir é uma opinião isenta sobre o filme. Por isso, me poupem de qualquer comentário do tipo "o livro é muito melhor".
Vamos então a história: Ben (Jimmy Fallon), um fanático pelo Boston Red Sox conhece Lindsey (Drew Barrymore), uma executiva com uma carreira em ascensão. Aos poucos eles vêem que suas respectivas paixões - pelo time e pelo trabalho - podem atrapalhar o amor que sentem um pelo outro. Ou seja, o filme trata de uma coisa bem simples: até onde podemos ceder. No início, Lindsey acaba acompanhando Ben nos jogos do Red Sox, mas quando isso começa a interferir no seu trabalho - e na sua integridade física, como se vê numa das cenas mais engraçadas do filme - ela coloca Ben numa sinuca de bico. Poderia ele abrir mão de ver jogos decisivos do time do coração para ficar com a mulher amada?
A resposta é bem simples e o desfecho do filme é previsível, como em toda comédia romântica. O que não invalida o fato de que Febre de Bola é um ótimo filme. Dirigido pelos irmãos Bobby e Peter Farrelly, os mesmos de Quem Vai Ficar Com Mary? e Eu, Eu Mesmo e Irene, Febre de Bola é uma comédia engraçadíssima em que torcemos muito pelo casal principal, principalmente pela química entre os protagonistas, Jimmy Fallon e Drew Barrymore. Ela está cada vez mais gracinha, deixando pra trás a imagem de junkie bitch de anos atrás. Nâo se assustem se Drew se tornar a nova Meg Ryan! E Jimmy Fallon está incrível no papel de Ben. Consegue ser engraçado e ao mesmo tempo, simpático e sedutor. Não é de se duvidar que algumas meninas suspirem com algumas cenas de Fallon, como se ele fosse um Richard Gere. As piadas, características dos filmes dos irmãos Farrelly, estão lá, mas bem menos chulas e mais refinadas. Mas o grande barato de Febre de Bola é não ser um filme estereotipado de homens - pelo lance do esporte - ou de mulheres - por ser... uma comédia romântica, oras! O esporte e o trabalho estâo na história simplesmente para exemplificar as nossas obsessões. Mesmo se Ben fosse um viciado em internet e Lindsey fosse uma cristã fervorosa, poderíamos nos identificar com os problemas dos protagonistas, já que qualquer um de nós já se viu na situação de ter que ceder nas nossas pequenas obsessões para agradar a pessoa amada . Longe de ser a melhor comédia romântica já vista, Febre de Bola é um bom programa para se ver acompanhado.
O casal principal de Febre de Bola
Nenhum comentário:
Postar um comentário