O FILME DO ANO
Se alguém tinha alguma duvida quanto ao fato de que Charlie Kaufman é a mente mais brilhante de Hollywood atualmente, depois de ver Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças essa dúvida acaba. Apesar da qualidade beirando a genialidade demonstrada em Quero Ser John Malkovich e Adaptação, Kaufman consegue se superar nesse trabalho ao reinventar a comédia (?) romântica. Depois de descobrir que a ex-mulher Clementine (Kate Winslet) se submeteu a um procedimento médico para apagar as memórias de seu casamento mal-sucedido, Joel (Jim Carrey) resolve se vingar e fazer o mesmo. Porém, no meio do processo, Joel resolve desistir ao ver que as lembranças boas também serão apagadas. O filme então mostra a luta de Joel para salvar o que ainda resta das suas lembranças, levantando o seguinte questionamento: o que é melhor, simplesmente esquecer tudo que passou e se livrar do sofrimento que uma separação causa ou manter as lembranças por elas serem parte da vida e da experiência que adquirimos?
Depois da bizarrice de Quero Ser John Malkovich e da originalidade de Adaptação, Kaufman resolve falar de um tema comum a todas as pessoas do planeta, o amor. E mesmo num contexto fantasioso, Brilho Eterno... toca profundamente a todos nós, que já fomos felizes e tristes por causa do amor. Quem nunca tentou apagar da memória aquela pessoa que nos deixou e que nos causou grande sofrimento? Todos passamos por isso uma vez na vida. Mas mesmo sabendo que corremos o risco, ao começar uma nova relação, de passarmos por isso de novo, nos jogamos de cabeça em busca da felicidade e do amor eterno. Já dizia alguém que não lembro agora: "o melhor da viagem não é o destino, e sim a jornada". É justamente disso que trata o filme, do fato de que nós passamos a vida inteira procurando encontrar uma coisa que talvez nem exista, mas mesmo assim essa busca, na maioria das vezes infrutífera, nos proporciona momentos inesquescíveis, sejam eles bons ou ruins. Sendo essa jornada tão interessante, vale a pena nos privarmos das lembranças que ela nos traz apenas para nos livrarmos de uma tristeza passageira?
Não, não vale. Por provar isso e mostrar que estamos inconscientemente certos na nossa busca, Brilho Eterno... é o filme do ano. Mas talvez para alguns de nós, seja o filme da própria vida. Nota 10
Joel (Carrey) e Clementine (Winslet) em Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário